Postado por Angelim em 26/08/2007
Hoje perto da hora do almoço eu saí mais meu irmão pra garantir a bóia. Eu fui no Valente, caso que não troco meu cavalo fiel, e ele foi montado no Feliz, um burro bravo com trote mais duro do que batida de monjolo. Meu Valente tem passo marchadô, é uma limosini de quatro pata. Tem gente que já prefere trote. Eu num gosto não. No final de cavalgada longa, meu rim já trocou de lugar com meu fígado uns par de vez. Inda mais véio do jeito que tô. Gosto do conforto da marcha do Valente.
Toquemo serra adentro, numa estrada toda cheia de curva, sofrendo com a danada da poeira. Tempo tá seco por demais. Cada carro que passava deixava nós dois cheio de pó, quase cuspino tijolo. Essa época do ano pras banda de cá é demais da conta de seco. A grama fica numa mistura de cinza, verde apagado e branco. Tinha nelore deitado no pasto. Devia tá tudo cansado de procura comida e nada achá.
As árvore que inda tem folha, tão tudo seca. As raiz tão tudo incolhida, como que pra num deixá a saliva caí. Mas mesmo nesse mundo de secura, nesse deserto verde pálido, tem um trem que ano vai e ano vem, nunca muda e sempre me enche os olhos de tanta belezura. O ipê.
Hoje depois de muitas curva e muito pó, no meio do arvoredo seco tinha um danado de um ipê amarelo, bonito pra mais de metro. Parecia que uma gota de tinta amarela tinha caído no meio de uma serra todinha em preto e branco. Uma árvore só, que tinha roubado as cor de todo o resto.
A beleza do ipê é tão grandiosa, que parece que tudo que é árvore, grama e flor, deixa de bebê água nessa época do ano, pro amarelo do ipê podê ficá daquela cor. Parece que o ipê é o uirapuru da flora e em sinal de respeito, ou de tristeza, ou quem sabe ainda de inveja invejosa, a serra fica sem cor, pros olho da gente pode ficar amarelo com a força do brilho daquelas folha.
Tô inté agora com o coração dourado por conta de tanta belezura.
Té!
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