Biblioteca - Literatura
Quem quiser viajar pelo sertão, cortar vereda, banhar-se num rio, ou mesmo subir a serra pra ficar mais perto da lua, não precisa de muito esforço.
Quando abrimos um bom livro e começamos a passear nossos olhos por cada frase, um mundo inteiro é construindo dentro da gente. Temos sempre a sensação de conhecer cada lugar e de saber o temperamento de cada personagem como se fosse um cumpadre de longa data.
E nesse nosso Brasilzão de Deus temos literatura de primeira grandeza. Muita gente boa já passou suas escritas por aí e muito já foi dito desse nosso sertão.
Aqui estão algumas obras de um infinito de livros que tratam do campo e do mato, do matuto e do regato, com toda a beleza merecida.
Aos poucos vou colocando mais livros nessa estante. Enquanto isso não perca tempo e comece logo a ler.
Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa)
“Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente - depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão.”
Se os livros de Guimarães Rosa são sagrados para os violeiros, "O Grande Sertão: Veredas" é certamente a bíblia.
Publicado em 1956 foi eleito como uma das 100 mais importantes obras da literatura mundial.
Corpo de Baile (João Guimarães Rosa)
“Mãe, que é que é o mar, mãe? Mar era longe, muito longe dali, espécie de lagoa enorme, um mundo d'água sem fim. Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava. 'Pois mãe, então o mar é o que a gente tem saudade?”
Publicado em 1956 trata-se de um conjunto fabuloso de novelas e é considerado por especialistas como um dos livros mais enigmáticos da literatura brasileira. Uma verdadeira obra prima de Guimarães Rosa.
Meu Sertão (Catullo da Paixão Cearense)
“Canto a tarde, o dia inteiro... canto a noite de luar... pois que a fama de violeiro... só Deus me pode tirar.
Neste sertão não respeito... nem viola nem cantador!... Comigo é preciso jeito! .... Não podem com a minha dor!
Se vocês estão folgando... é porque não sabem, não... como o ciúme está sambando... cá dentro do coração.”
O Sol e a Lua (Catullo da Paixão Cearense)
“A lua é mãe da Sôdade
cumo disse Seu doutô!
A Lua tudo consola!
A Lua é cumo a viola,
que é o insturmento do Amô!”
Vila dos Confins (Mário Palmério)
“O sol caía de ponta à ponta, brutal. Entorpecia e queimava tudo. A areia era polvilho de espelho socado no pilão. O ar, a gente podia vê-lo mover-se — lesma amarela, quente e pegajosa, a arrastar-se por sobre as ruas e telhados”.
“Vila dos Confins nasceu relatório, cresceu crônica e acabou romance...”, segundo confessa o próprio autor.
O livro é a história de uma eleição num pequeno lugarejo perdido nos confins brasileiros por meio do qual Mário Palmério revela aspectos da vida sertaneja.
Chapadão do Bugre (Mário Palmério)
Chapadão do Bugre, o segundo romance de Mário Palmério, onde figura José de Arimatéia, é um romance baseado numa história real e misteriosa ocorrida no interior de Minas Gerais no início do século, fato que não seria relevante se o povo da cidade em que tudo ocorreu, Passos, não acabasse por eleger a obra de Palmério como a mais original das versões sobre o episódio.
Este foi o romance para o qual vinha colhendo, desde o êxito de Vila dos Confins, abundante material lingüístico e de costumes regionais, e que recebeu de toda crítica os mais rasgados elogios.
O Meu Pé de Laranja Lima (José Mauro de Vasconcelos)
Na obra juvenil mais conhecida de José Mauro, a pobreza, a solidão e o desajuste social vistos pelos olhos ingênuos de uma criança de seis anos.
Nascido em uma família pobre e numerosa, Zezé é um menino especial, que envolve o leitor ao revelar seus sonhos e desejos, por meio de conversas com o seu pé de laranja lima, encontrando na fantasia a alegria de viver.
A Lenda do Violeiro Invejoso (Fábio Sombra)
De vez em quando aparecia algum outro cantador na cidade e desafiava o mestre para uma peleja. Nesses dias, a multidão vibrava e vinha gente de muito longe só para assistir ao formidável duelo em versos.”
Conta a história dos irmãos Marcolino Brás e Balbino, criados por Mestre Juvenal, o maior dos cantadores. Balbino, com ciúmes do irmão, vende a alma ao diabo, em troca de talento, e, ao ser expulso de casa, rouba a luz dos olhos de Marcolino, que fica cego.
Tropas e Boiadas (Hugo de Carvalho Ramos)
A obra apresenta o universo sertanejo a partir da narrativa regionalista descrevendo de maneira poética a realidade do homem goiano, suas tradições, seus costumes, seu imaginário popular, ao mesmo tempo questionando as condições de vida dos personagens.
A obra é tida como a primeira formadora de uma tradição literária goiana, ainda no período do pré-modernismo. O livro, que mistura contos e crônicas, contribuiu para os fundamentos do regionalismo literário.
O Risco do Bordado (Autran Dourado)
Obra prima da carpintaria literária, “O Risco do Bordado” vem percorrendo desde seu lançamento, em 1970, o caminho típico de um clássico contemporâneo, alcançando um notável sucesso de público e crítica, suscitando inúmeras teses universitárias e sendo adotado como leitura curricular.
O próprio Autran Dourado considera-o o eixo central de sua obra, pela forma com que conjuga sua obsessiva construção de uma mítica mineira.
“Escrevo para compreender Minas”, declarou o autor.
Veranico de Janeiro (Bernardo Élis)
Em 1966, Bernardo Élis recebeu o troféu Jabuti, conferida pela Câmara Brasileira do Livro, de São Paulo, que deu a “Veranico de Janeiro” o título de melhor livro de contos do ano.
O Tronco (Bernardo Élis)
“O Tronco” é um ousado e excelente livro; um libelo da luta contra as oligarquias políticas rurais em Goiás no início do século XX.
Seu grande diferencial é a análise da estrutura social, política e econômica de Goiás, sempre em busca de ser realista, ajudando o povo a entender as contradições fundamentais da sociedade brasileira.
João Pança - Pedrinhas de ouro que só faltou Dr. Rosa contar... (João Araújo)
Primeiro livro de João Araújo: uma homenagem a seu avô - João Pança - nascido em Cordisburgo/MG, em 1909.
“(...) É isso que o leitor encontra pelo caminho: um apanhado de causos, um ramalhete de estórias, tudo com cheiro de terra, orvalho da madrugada, a pândega e a galhofa batucando barrigada, a piada apimentada provocando gargalhada em homem, mulher e criança... Tudo feito com carinho de respeitosa oferenda, ao nosso imortal João Pança. (...)”. Olavo Romano
O livro traz, ainda, um CD com amostras das falas (históricas) das pessoas e com TRILHAS DE VIOLA ao fundo.