Postado por Angelim em 25/09/2007
Hoje eu tava vendo uns violeiro novo tocá. Tudo música boa por demais. Tudo música que arrepia quem gosta de viola. Aquelas que traz na lembrança o cheiro do curral, o canto da siriema, o som do galope em terra dura, o gosto da brisa no alto da serra. Só música que faz a sôdade aflorá ainda mais.
Fico contente com o continuamento da viola. Quando eu era novo eu achava que viola seria igual válvula de rádio. Chegava um dia que ninguém nem mais sabia o que era esse trem.
Eu gosto muito dos dias de antes. Sou do tempo em que vermaguete era carro de luxo. A mudernage ajuda, mas atrapalha um pouco também. A televisão tirou os livro da cabeceira, os computador acabou com as brincadêra na rua. Ajuda? Ajuda. Muito. Mas tem que tomá cuidado.
Do mesmo jeito que deve se tomá cuidado com a mudernage na viola. Tem muito violeiro novo achando que violeiro bom é medido em nota por minuto. Acha que se tocá rápido, toca bem. Técnica é importante demais da conta. Tem que estudá de monte mesmo e tentá deixá os dedo mais ligêro e mais solto que cueca velha.
Mas o violeiro não pode perdê a noção de que a viola tem que ser chorada, tem que ser ferida com dor e sentida de sôdade. Não pode perdê a noção de que essa sim é a viola de verdade verdadeira. Se não for desse jeito as corda não vai balançar é nunca a alma de ninguém. É só ouvir aquela moda lenta, de ponteado sofrido e de lamento lamentosamente triste. Essa faz o sujeito olhá pro vazio e vê um mundo inteiro. Essa faz uma serra inteira passá pelo peito, trazendo o gosto do orvalho pra dentro da gente.
Lembre sempre que os dedo deve soprar a alma pelas corda da viola, nada mais. Viola que é viola, chora.
Té!
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