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Semeadura

Foto do escritor: Angelim .Angelim .

Postado por Angelim em 16/08/2006


É interessante. Cada um de nóis tem a sua paixão. Aquela coisa que dá gosto de fazê. As veiz pode inté ser mais de uma. Por exemplo, eu gosto de música. Sô danado de apaixonado por música, mais que principalmente pela viola caipira. É meu calmante. É com ela que viajo por dentro dos segredos das Gerais. Dobro serra, risco picada de formiga, canto junto com o Sabiá. Faço de tudo. E tudo isso sem saí de cima do banquinho. Cois’de doido? Pode inté ser. Mas é assim mesmo que é, uai. Do jeitinho que falei. A viola é parte da cultura da minha terra. Dessas gerais Gerais.


Por conta disso mesmo, depois de certo tempo passá, comecei a matutá umas idéia. Posso inté dizê que comecei a sonhá. Mesmo antes de vir trabaiá aqui pro sul. Bons tempo antes mesmo. Sonho de semeadura. Prantação. Mas num é prantação de pranta e de lavôra, não. É de cidadão. De gente que pensa em gente. Num pense ocêis que é viage de véio maluco não. Eu quero um dia poder ensiná essa meninada que tá aí, a tocá viola, a dançá catira, a armá arapuca pra caçá Saci. Aprendê a conhecê e valorizá a cultura raiz.


Mas como é que com isso se pranta gente? Num entendeu ainda? Ô trem difícil, sô! É simples. A cultura faz o homem. A raiz é que sustenta a árvore. É por ela que passa tudo que um fruto precisa pra crescer bonito. E isso é sonho que o véio aqui tem e vai ponhá em prática bem logo. Já tinha os trem meio andando antes de vir pra cá. Agora é continuar arando as idéia, gradeando os pensamento, pra na hora que caí os primeiro pingo d’água, tudo florir bonito. E como toda prantação, vai ter muita capina e muito suor. Nisso num ponho dúvida não.


Quem tiver pensamento que eu perdi o foco na lavôra da vida, se acalme. Sei das prioridade. Eu sonho com os pé no chão. Sei esperá a hora certa pra cada passo que dou. Já caí tanto. Vixe. Mas é importante saber que tem muito fruto bom espalhado por aí. Pronto pra ser cuidado pra poder crescê com raiz forte. E se de um fruto desse que seja, eu conseguir fazer pelo menos uma árvore, que felicidade. Imagina intão uma floresta. Uma floresta de violeiro, tudo bem formado, como o mais puro Jacarandá. Fica uma belezura, ou não? Aquela meninada, antes sem horizonte, sem nada, de repente aprendendo a ver a beleza do que é belo de verdade. A beleza de cada um.


Minha mão já tá preparada, com semente pronta pra jogá no chão. Nem que pra isso a primeira água que molhe essa terra, tenha que caí de choro meu. Deus é pai.


Té!

 
 
 

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