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  • Foto do escritorAngelim .

Tempo Perdido


Postado por Angelim em 02/08/2006


Hoje eu tava ponhando reparo numa coisa. Essa criançada de hoje num tem mais infância. Que trem mais doido, sô. Eles tão perdendo a mió fase da vida deles. E tudo por conta dessa modernage que tem por todo lado. Pensa comigo. É televisão, é internet, é aqueles joguinho diferente. Cadê os brinquedo? Aqueles pra fazer a criançada viajar no pensamento, criar seus próprio personage? Num existe mais. Hoje é tudo moderno. Pensar pra quê?


Eu me alembro até hoje, quando era mais minino e andei pela primeira vez num cavalo. Eu me senti o próprio John Wayne. Um caubói de verdade, caçando índio, andano de bota preta e chapéu branco e ficando sempre com a mocinha bunita no finar do filme, claro. Minha imaginação ia longe. Criava um mundão só meu, mesmo que fosse num cantinho do quintal. Tem inté umas foto minha de vestimenta de caubói que nem é bom ponhá aqui. Mesmo pequeno eu acho mió elas ficá guardadinha em casa. Baú com chave serve pra isso.


Mas hoje bem cedinho no dia, antes mesmo do sol começá a diminuí a friage, eu saí com o Banjo. Pra quem num conhece o Banjo é meu cachorro. Danado de esperto. Fomo inté a casa do cumpadi Luiz. Um cabôco bom que só vendo, trabaiadô e temente em Nosso Sinhô. Mora num sítio berado mais o meu. Tá começando na arte da viola e eu tento ajudá. Troquei as corda da viola dele, baixei o rastilho. Dei um tratinho de leve e fui intregá pra ele. Lá chegando tava o fio mais novo dele. Sem muita preocupação com essa besteirada que a televisão tenta vendê a toda hora, mas uma esperteza de minino. Tinha lá os seus carrinho, vaquinha e cavalinho, tudo feito com sabugo de milho. Uma fazendinha cercadinha cum pedaço de pau, com curral, retiro e paiol, num capricho só. Quase o Banjo botou tudo no chão na hora de brincá com ele. Deu até geada no estômago quando eu vi aquilo.


Esse é um moleque filiz. E tem uma felicidade que se essa meninada que se acha moderna soubesse, queria iguarzinha, iguarzinha. A maioria nunca viu uma galinha viva. Deve inté achá que elas nasce no saquinho congelada pronta pra comê. Se uma vaca mugí do lado de uma criança de hoje, é capaz delas se borrá intêra. Vai achá que é o fim do mundo.


Mas óia bem. Tudo o que tá escrito aqui num é puxão de orelha nos fio não. É nos pai. Que num vive mais a preocupação certa. Que ainda num parou pra pensá de criá a fiarada livre. Fica tudo trancado dentro de um vivêro gigante, com alpiste eletrônico e jiló virtual. Canto bonito de passarin é canto de passarin sorto.


Té!

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